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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Filhos



Meus filhos andam de pés descalços entre ruas onde a terra batida entrega ao vento densas nuvens de poeira. Moram em casas pequenas, amontoam sonhos, preces e esperanças durante a noite.

Meus filhos ao contrario dos seus, são educados desde cedo a recolher qualquer pedaço de comida que lhe fuja do prato ao encontro do chão, pois sabem que este mesmo pedaço para sua fome fará muita falta.

Meus filhos freqüentam escolas de uma sala só, seguem sob sol forte com seus cadernos rabiscados com futuros curtos. Carregam nos braços livros recobertos e zelados em sacolas de plástico, vestidos numa farda fina e desbotada, porém alegres por pensar na merenda da tarde e no sorriso da professora.

Meus filhos brincam para fingir sua infância. Se dá-lhes uma pedra, dá-lhes um brinquedo.

Meus filhos tentam falar certo, mas a língua trava e tudo que pronunciam de rude vira simplicidade oral.

Meus filhos são pobres, acumulam mais programas sociais que dinheiro.

Meus filhos com suas doenças sem remédio.

Meus filhos corados de tristeza.

Meus filhos limitados.






Observando o Tempo

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