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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

ALGO POSSÍVEL


Talvez um dia o poeta perca o rumo do lirismo, não fale mais de amor, da paz ou da amizade, e assim só nos reste como referência poética às românticas receitas de bolo e as rimas métricas dos manuais de instrução.
Talvez um dia os mares sequem e os navios percam sua função, não existam mais peixes para se pescar, a brisa que corre a beira da praia acabe e esqueçamos a frase “homem ao mar”.
Talvez um dia a gravidade cesse, assim flutuaremos livres e não invejaremos mais os pássaros, as companhias de aviação iriam à falência, perderemos a noção de peso e medida, nunca saberemos se estamos mais magros ou mais gordos e passaremos mais tempo nas nuvens.
Talvez um dia o ar que respiramos acabe, a partir de então, não teremos mais que estudar o processo de oxidação, os pulmões serão desnecessários, não sofreremos mais de doenças respiratórias, poderemos escalar até mesmo os picos mais altos do mundo, passaremos a usar o nariz só por estética.
Talvez um dia a perfeição seja alcançada, errar se torne uma palavra morta, não necessitaremos mais de fé ou de um Deus, esqueceremos as condenações, desempregaremos juízes e advogados, seremos seres sem sonhos, plenamente satisfeitos de ideais.
Talvez um dia tudo isso acabe por se realizar
Mas o poeta que sempre busca a perfeição flutuando sobre os longos suspiros do mar,
Dentre os mais absurdos dos talvez,
Tenha simplesmente pensado
Talvez ainda serei feliz.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Vida, ao norte e ao sul



A vida ora é assim, uns tempos ao norte em outros ao sul

A cada oscilação, um novo humor, uma nova ideologia, uma nova personalidade

O viver é mutável e cercado de intempestividades, uma jornada épica que exige equilíbrio tibetano

Transpomos a existência dessa forma como seres situacionais, personagens frágeis com muitas historias para viver.

E vivemos mais que histórias, desvendamos destinos complexos, redes de sentimentos e relações por vezes inexplicáveis.

Enfrentamos doenças, tempos de saúde, conflitos, as mágoas, o arrependimento, o perdão, o insucesso, conquistas, a dor. Inúmeras situações que utilizamos para personificarmos uma postura própria para cada uma.

Independente de como a vida está direcionada, se ao norte ou ao sul, necessitamos sempre da preexistência de uma estabilidade mental e emotiva, que se esvaia pela alma humana, e permita que esta se mantenha íntegra diante de cada fase da vida.

Isso é viver, percorrer opostos, fragilizar-se e em seguida adaptar-se as modificações impostas, porém sempre padecendo da mesma essência.

Observando o Tempo

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