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sábado, 16 de abril de 2011

No interior

O povo acorda cedo

Engole café preto com pedaço de pão seco sem recheio

Pedem a benção aos santos que posam nos quadros

Uns conversam sobre o tempo: Cadê as chuvas de janeiro?

Varrem o terreiro

Outros vão a cidade

Chapéu, saias bem passadas, camisa cambraia,  perfume bem guardado, daqueles só usados  nos batizados e nos dias de aniversário

Caminhonete, carroça, bicicleta e jumento bem celado, no interior é melhor que metrô e ônibus lotado

 

O trânsito na cidade segue sem congestionar, o bode e cahorro nem olham para os lados na hora de atravessar

A prefeitura abre as portas

O som da igreja começa a anunciar, de falecimento até nome do povo que vai casar

O povo passa na budega, se pesa na farmácia

Na volta se pesa na farmácia e passa na budega

Vida corrida essa

Interior -  Mafra - (Foto - J.C. Grein Xavier)

Se chegar cedo dá tempo ir no posto para se consultar,

Aqui menino tem doença que nem o melhor doutor  consegue tratar

Farnizim, quebranto, dor nos quartos

Agora vento caído tem que mandar rezar

Notícia boa aqui não sai na globo, vem da boca do povo

As últimas traições, quem foi preso e quem foi solto: tu num soube?

A língua que corta e a fofoca repassada é mais rápido que pesquisa no google

No interior

Táxi é carro fretado

Alternativo é carro de linha

Sobrado é primeiro-andar

Mansão é casa com portão na frente

Lazer é sentar na calçada

lotérica é banco

Esquina é sala de bate-papo

Ah! No interior tudo é na santa paz

Quase nada acontece

Quase todo dia é igual

A não ser o vento que às vezes muda de direção.

 

Observando o Tempo

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