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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Reflexão

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Nos momentos de tragédia sempre penso que tudo poderia ser igual aos filmes que já vi.

Penso nos poderes de um vidente, de premonição, na possibilidade de ver acontecimentos previamente, avisar a cada um dos 232 jovens que morreram e aos outros tantos hospitalizados, que iria ocorrer um incêndio naquela boate e, assim evitar que tanta dor e perplexidade fossem geradas.

Penso na habilidade e força do super-homem. Com um sopro conseguir eliminar as chamas e a fumaça mortal que pairava no local ou com a ponta do dedo abrir espaço entre as paredes e acabar com o terror da morte, permitir que tantas famílias vissem seus filhos e parentes vivos pela manhã.

Penso na Medicina super avançada das eras futuras, onde os pulmões comprometidos pelos vapores tóxicos, a pele dos membros queimados, as fraturas causadas pelo pisotear em fuga pudessem ser facilmente revertidos pela luz azul de um aparelho qualquer, impedindo que o número de vitimas continue a aumentar.

De fato, a realidade dessa história assemelha-se a um filme. Tudo possui dimensão cinematográfica: a quantidade de vítimas, a cobertura na televisão, a emoção das famílias, as circunstância do incêndio, tudo no primeiro instante é inacreditável e chocante.

Porém, já que não somos videntes, super-homens ou e nos resta apenas os recursos da Medicina que cabe ao nosso tempo, usemos simplesmente de nossa espiritualidade pra tentar compreender situações tristes e comoventes como essa. Refugiamos nossa comoção e inexplicabilidade por tantas perdas na transcendência da vida.

Vida de Zé

 Haruo Ohara-003

Eu vi a tristeza nos olhos de um Zé,

Um Zé indolente que antes tinha mais fé.

Hoje sobrevive clamando vagas preces

Como a vida de qualquer Zé

Apático!

Que aprendeu a viver com um tanto

Um Zé que não sabe o que é sorte,

Só conhece mazelas

Pagando pela incoerência do mundo.

Eita Zé!

Se você estudasse,

Se você lesse,

Se você protestasse,

Se você gritasse

Ao mundo a dor de sua tristeza...

Viveríamos menos relutantes.

 

Esse Zé que nunca foi pra Minas

Aliás, que nunca se quer sonhou em sair de sua mente pequena

Igual ao Zé do Drummond

Cobre os olhos e se pergunta:

Pra onde?

Observando o Tempo

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