Escrevo sobre amor em papel-de-bala
Minha poesia é pobre não merece papel vergê
Mas o seu amor se foi?
Não, o amor ficou
Ficou incomodando
Pedindo uma poesia
Suplicando uma declaração
Matando-me de inspiração
Como depois de alguns outonos, sempre sobra um papel-de-bala
Escrevi desalinhadamente
Delicadamente formei versos
O papel é fino, não há rima
O espaço é curto, apelei para a métrica
Um espaço no final,
Fiz uma silenciosa dedicatória:
Ao amor que fez-me livre e poeta.
Não assinei
Meu amor sabe reconhecer meus versos
Sei que não espera encontrá-los retorcidos, um tanto amassados
Mas esse amor que falo
Ficará feliz ao entender:
Só o amor vivido intensamente pela alma cabe em um simples papel-de-bala.