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domingo, 25 de outubro de 2009

Por que o coração?



Já não basta ser um dos mais importantes órgãos do corpo, o coração sempre leva a culpa ou é sobrecarregado com outras tarefas que a fisiologia não explica.

É incrível como coração foge do conceito fisiológico e pede licença poética para acomodar situações, atos, sentimentos que nenhum outro órgão desempenharia tão bem.
Bombear e circular sangue pelo corpo por si só virou função secundária, o coração virou referência para inúmeras coisas, o amor, amigos, paixão, maldade, bondade, premunição, entre outras coisas.

Por exemplo, atualmente guardar os melhores amigos do lado esquerdo do peito, implicitamente expõe uma função do coração. Função difícil já que exige um esquema de segurança preciso, afinal bons amigos, são valiosos e uma boa memória também, isso só para lembrar aqueles realmente “melhores” e nunca esquecê-los, mas mesmo sem ser sua especialidade o faz divinamente.

Não sei como e nem quando decidiram que apaixonar-se é outra função relacionada ao coração, lembra daquela expressão “coração apaixonado”. Pois é, como se não bastasse os amigos, os amores também são destinados para lá. Interessante e ao mesmo tempo injusto, pois não é coração que vê o ser amado, não ouve sua voz doce, nem sente seu cheiro suave de paz. Você se apega e depois coloca a culpa na referência que todo mundo usa como deposito de culpa por ter se apaixonado, e ainda diz quando não deu certo: “meu coração está em pedaços”.

O coração para muitos tem a função de indicar o grau de bondade e de maldade de uma pessoa. Aquela expressão “coração de pedra” ou até mesmo “pessoa sem coração”, automaticamente te remete a um ser frio, insensível, amargo. Por outro lado existem os “corações de manteiga” ou “gente de coração grande” ou “coração de mãe”, pessoas amáveis, generosas e compreensíveis. Mas nesse ponto questiono-me: simbolizar e resumir as más ou as boas atitudes de uma pessoa tomando seu coração como ponto de observação, seria apenas um meio tácito e intangível de percepção ou uma forma simples e confiável de análise da personalidade humana?

O coração às vezes ainda atua como vidente, pressente coisas e fatos que ainda não ocorreram isso fica evidente quando algo acontece sempre se escuta: “meu coração palpitou que isso iria acontecer” ou até mesmo quando algo de ruim está para acontecer o coração fica “apertado”. Como se explica isso? Acho que não se explica, talvez seja apenas mais um acúmulo de função, uma habilidade desenvolvida pela necessidade sensorial da alma.

Pode dizer que coração é bobo, se apaixona a toa, bate feliz quando te vê, serve de guia, tem metade certa, pode ser entregue, roubado, é o lugar onde você guarda o que tem de bom e de mau. Mas já dizia Renato: “Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?”

domingo, 18 de outubro de 2009

Com o passar do tempo....



E tudo mudou...

O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss

O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone

A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM
Confete virou MM

A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse

Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal

Ninguém mais vê...

Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service

A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão

O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD

A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email

O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street

O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também

O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis
Polícia e ladrão virou counter strike

Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato

Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...

A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!

A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...

... De tudo.

Inclusive de notar essas diferenças

Luis Fernando Veríssimo

Observando o Tempo

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