Pages

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Reflexão

326

Nos momentos de tragédia sempre penso que tudo poderia ser igual aos filmes que já vi.

Penso nos poderes de um vidente, de premonição, na possibilidade de ver acontecimentos previamente, avisar a cada um dos 232 jovens que morreram e aos outros tantos hospitalizados, que iria ocorrer um incêndio naquela boate e, assim evitar que tanta dor e perplexidade fossem geradas.

Penso na habilidade e força do super-homem. Com um sopro conseguir eliminar as chamas e a fumaça mortal que pairava no local ou com a ponta do dedo abrir espaço entre as paredes e acabar com o terror da morte, permitir que tantas famílias vissem seus filhos e parentes vivos pela manhã.

Penso na Medicina super avançada das eras futuras, onde os pulmões comprometidos pelos vapores tóxicos, a pele dos membros queimados, as fraturas causadas pelo pisotear em fuga pudessem ser facilmente revertidos pela luz azul de um aparelho qualquer, impedindo que o número de vitimas continue a aumentar.

De fato, a realidade dessa história assemelha-se a um filme. Tudo possui dimensão cinematográfica: a quantidade de vítimas, a cobertura na televisão, a emoção das famílias, as circunstância do incêndio, tudo no primeiro instante é inacreditável e chocante.

Porém, já que não somos videntes, super-homens ou e nos resta apenas os recursos da Medicina que cabe ao nosso tempo, usemos simplesmente de nossa espiritualidade pra tentar compreender situações tristes e comoventes como essa. Refugiamos nossa comoção e inexplicabilidade por tantas perdas na transcendência da vida.

Vida de Zé

 Haruo Ohara-003

Eu vi a tristeza nos olhos de um Zé,

Um Zé indolente que antes tinha mais fé.

Hoje sobrevive clamando vagas preces

Como a vida de qualquer Zé

Apático!

Que aprendeu a viver com um tanto

Um Zé que não sabe o que é sorte,

Só conhece mazelas

Pagando pela incoerência do mundo.

Eita Zé!

Se você estudasse,

Se você lesse,

Se você protestasse,

Se você gritasse

Ao mundo a dor de sua tristeza...

Viveríamos menos relutantes.

 

Esse Zé que nunca foi pra Minas

Aliás, que nunca se quer sonhou em sair de sua mente pequena

Igual ao Zé do Drummond

Cobre os olhos e se pergunta:

Pra onde?

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Gosto doce de vida

Caramelo bala doce

Meu gosto de infância

Na boca o doce tinha gosto felicidade

Acelerava o coração estendendo a mão pra comprarimage

Dona Francinete saudosa a perguntar:

- Queres quantos meu filho? Quantos vai levar?

Do outro lado das bombonieres eu gesticulava vergonhoso sem falar

Numa mão dois caramelos e um sorriso generoso

Na outra, timidamente estendia o dinheiro pra pagar

Momentaneamente entristecia o coração,

Lá se vão minhas moedas!

Recomeçar uma esperança,

                                        (renovar minhas esperanças tantas vezes).

Caramelo bala doce

Sem moedas, sem caramelos

Dinheiro mirrado, infantil

Centenas de vezes contado

Perdia por vezes o gosto doce

Esquecendo moedas a tintilar escorrendo distraidamente pelo furo do bolso

Lá ficavam perdidas,

Talvez um caramelo a menos, e um sonho a mais

                                                                                                (meus sonhos infinitamente doces).

Caramelo bala doce

A inocência me permitia

Comprar um caramelo e me sentir o senhor do dia

De toda essa felicidade, conservei o bom coração de guri

Sou menos inocente, mas igualmente aquele menino

Um sonhador, que devido o medo do amargo da vida

Lembra todos os dias o gosto doce do caramelo que outrora na infância sentia .

 

sábado, 13 de outubro de 2012

Aquele caminhar

 593977

Aperto o passo

À distância me aperta

O tempo recua frente a minha audácia

Recupero o fôlego, recupero as lembranças

Recupero os motivos que me levam a caminhar

Sob o sol

Sob a lua

Repulsando os medos, abraçando os anseios

Minha tristeza e meu cansaço relutam e instigam o desencorajar

Mas a coragem não cessa

Não cessa a pressa

Não cessa o pensar

Penso na verdade que enche o vazio da descrença

E digo:

Descrença deixe espaço. Minha fé não tarda a chegar!

Não dou meus passos aos medos

Dou passos aos sonhos

Aqueles sonhos que me assustam o olhar

Não pela impossibilidade de realizá-los, mas pela tamanha felicidade que guardam

Seguimos

Eu e o caminhar

Aquele caminhar

Deixando rastros de liberdade

Brincando de versejar.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Silêncio Não-verbal

silencio

Não sei lidar com abstração, sou criteriosamente criador de conflitos reflexivos, diariamente compostos de significado vazio e impróprio.

Sou mais que tudo observador da sempre onipresente inconstância da vida, fonte infinita de contradições e desesperanças.

Soluções e recompensas esquecidas no final da maior de todas as estradas, a da vida, que mesmo percorrida a passos largos, não é vencida, precisa-se de mais, mais do que largos passos, precisa-se de fé.

Vida insana, de mortes e ressurreições diárias, sou vivo de corpo ou de espírito?

Talvez seja eu vivo dos dois, pois sinto tanto no corpo quanto no espírito as derrotas e as vitórias que me impões.

A Verdade (Carlos Drummond de Andrade)

 
A porta da verdade estava aberta,
Mas só deixava passar
Meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
Porque a meia pessoa que entrava
Só trazia o perfil de meia verdade,
E a sua segunda metade
Voltava igualmente com meios perfis
E os meios perfis não coincidiam verdade...
Arrebentaram a porta.
Derrubaram a porta,verdade
Chegaram ao lugar luminoso
Onde a verdade esplendia seus fogos.

Era dividida em metades
Diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual
a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela
E carecia optar.
Cada um optou conforme
Seu capricho,
sua ilusão,
sua miopia.

 

sábado, 7 de abril de 2012

Compartilhar

arvore 

Uma vez me pediram amor

Entreguei minha alma

                           Pediram-me paz

                           Doe-lhes toda a minha tolerância

Precisaram de amigos

Fiz-me presente em todos os bons e maus momentos

                          Sentiram necessidade de esperança

                          Compartilhei meus sonhos

Quiseram coragem

Ofertei minha fé

                            Tiveram urgência

                            Queriam ser mais humanos

                                                                               Neguei.

Não posso dar-lhes meu coração

Esse que chora fácil

Órgão tolo

É por causa dele que entrego tudo que tenho de mais precioso.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Paixão, Amor e Tempo

maos-dadas

Um piscar de olho

Um beijinho no rosto

Um aperto de mão

 

Só isso minha paixão?

 Encontro marcado

Passeio de rosto colado

Um abraço

Um beijo roubado

Só isso minha paixão?

Dedos entrecruzados

Um abraço bem demorado

Um beijo de olhos fechados

E um pouco de amasso

Só isso minha paixão?

Uma mordidinha na orelha

Um escorregar de mãos

Um calor desenfreado

Dois corações acelerados

 

Só isso minha paixão?

Alguns presentes

Algumas declarações

Um tanto de ciúme

Ligações perdidas

Brigas

Desencontros

Saudades

Reconciliação

Amor, isso ainda é paixão?

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Poesia embalada em Papel-de-bala

24a

Escrevo sobre amor em papel-de-bala

Minha poesia é pobre não merece papel vergê

Mas o seu amor se foi?

Não, o amor ficou

Ficou incomodando

Pedindo uma poesia

Suplicando uma declaração

Matando-me de inspiração

Como depois de alguns outonos, sempre sobra um papel-de-bala

Escrevi desalinhadamente

Delicadamente formei versos

O papel é fino, não há rima

O espaço é curto, apelei para a métrica

Um espaço no final,

Fiz uma silenciosa dedicatória:

Ao amor que fez-me livre e poeta.

Não assinei

Meu amor sabe reconhecer meus versos

Sei que não espera encontrá-los retorcidos, um tanto amassados

Mas esse amor que falo

Ficará feliz ao entender:

Só o amor vivido intensamente pela alma cabe em um simples papel-de-bala.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Frase

Percebi que acordar exige mais que um simples abrir de olhos,requer coragem para enrijecer os punhos e lutar contra a realidade moldada nos medos que perseguem os meus sonhos.

Observando o Tempo

Você vai gostar de ler :

Related Posts with Thumbnails